segunda-feira, 31 de maio de 2010

TRADIÇÃO DAS FAMILIAS DE CANIDELO - GAIA - CAMINHADA AO SENHOR DA PEDRA A MIRAMAR



Contributos para a história das Rusgas ao Senhor da Pedra,
levadas a cabo por Canidelenses


*


*
CAMINHADA PARA A


*
CAPELINHA DO SENHOR DA PEDRA EM MIRAMAR

/

Na FREGUESIA DE ARCOZELO


/


CIDADE E CONCELHO DE GAIA




/








*
30 DE MAIO DE 2010





















*
PEGADA DO BOI - SEGUNDO A LENDA - QUE FICOU MARCADA NAS PEDRAS, DE QUANDO DO MILAGRE



/
Daqui, parte anualmente, uma das rusgas mais antigas e com maior assiduidade das que se organizam na freguesia da Canidelo do Concelho de Gaia, com destino a Miramar, à capelinha do Senhor da Pedra, no dia da festa naquele lugar.


...durante o percurso




...a merenda matinal





...a chegada à romaria




/
...vamos descansar e ouvir um pouquinho de música... pela banda da Associação de Cultura Musical Cetense, de Cete, Paredes


...
...e, se me dão licença, vou ter a palavra, antes de verem as restantes fotos:
*
FUI AO SENHOR DA PEDRA, A PÉ
<>
Fui ao Senhor da Pedra, a pé,
Confirmar se ainda é,
O que era antigamente.
<>
Vi enormes grupos de gente,
A dançar e a bailar,
Mas sempre a caminhar,
Conforme era primitivamente.
<>
Vi ranchos de folclore a dançar,
Homens com acordeão a tocar,
Mulheres de pandeireta na mão,
Onde logo se juntou o João,
Com sua voz a cantar.
<>
Vi rusgas com arco embandeirado,
Raparigas com o riso rasgado,
Descalças e de chinelos na mão,
Onde se foi juntar o João,
Com elas juntamente a dançar:
<>
Oh… acordei estremunhado…
…era eu a recordar.
<>
Fui ao Senhor da Pedra a pé,
Para ver se ainda lá está,
A capelinha de pé.
Com tanta destruição,
Nunca se sabe o que farão,
Homens sem contemplação.
<>
Fui ao Senhor da Pedra, a pé,
Minha mãe também lá foi,
Avó, bisavó e mais até,
Ver a pegada do boi.
<>
Eles me acompanham actualmente,
Em espírito sempre presente.
<>
Minha mãe foi porta-bandeira,
Há mais de setenta anos,
Num grupo de jovens raparigas, animados,
Que, ficou a ser, o Clube dos “Chalados”
<>
Fui ao Senhor da Pedra, a pé,
Também já lá ia o meu pai.
Comigo, agora o neto vai.
Espero com bisneto ir,
<>
Aí, irei a pé e a pedir,
Que me levem ao colo…,
mas que hei-de ir, hei-de ir.
<>
É tradição antiga de todas as famílias:
Pais, mães, irmãos, avós, filhas,
E Consortes de boas sortes,
Ir-mos a pé ao Senhor da Pedra,
<>
Ver a pegada do boi,
Para depois contar como foi,
Aos netos e bisnetos vindouros.
Assim fizeram nossos tesouros,
Bisavós, trisavós e tetravós.
<>
E hoje, lá, rezamos por vós.
<>
Hoje fomos vinte e três,
Que, abalamos outra vez,
Ao Senhor da Pedra, a pé.
Nossa rusga a maior é;
Move-nos grande amor, extra vulgar,
De união familiar.
<>
A meio caminho é a merenda,
Bolinhos, rissóis, panados e croquetes,
Boroa, presunto, pescada frita em filetes,
Abancar é no pinhal, não paga renda.
<>
Vamos lá a continuar,
São duas horas a caminhar,
Por entre matas e pinhais…,
<>
Oh! …Era eu a recordar…,
Isso era antigamente,
Que no momento presente,
Pinhais…? Os há poucos ou jamais.
<>
Fui apanhar camarinhas,
Às dunas, à beira-mar,
Comia-as, tão pequeninas,
Sabiam a água salgada,
Da água do mar as lavar.
<>
Como agora recordo,
De quando éramos criancinhas.
<>
Vamos por estrada marginal ao mar,
Não por sombra de pinheiro,
Mas debaixo de sol e de braseiro.
Vamos a pé e a caminhar,
E nós ali com tanto mar,
Não poderíamos ir a navegar?
<>
Antigamente, ia meu pai montado em cavalo,
O cavalo é que ia a pé,
Todo repostado ia o cavaleiro,
A meter vista às moçoilas, prazenteiro.
<>
Ou então iam de burro,
Em animal que não era burro,
Pois, quando na inteligência lhe dava,
Caminhar se recusava,
E ao dono até o mandava,
Montar p´ra outra manada.
<>
Também iam em carros de bois,
Com suas carroças engalanadas,
Carregavam os mais idosos,
E toda aquela criançada.
<>
Também os bois lá iam,
Ver a dos seus irmãos, a pegada.
<>
Agora, outros de bicicleta vão,
A toda a força a pedalar,
Assim, mais depressa vão,
Nós, a pé, vamos mais devagar.
<>
Todos nos vamos juntar,
Lá no terreiro, no areal,
De fronte p´ra capelinha,
Mas que grande arraial.
<>
Lá no alto daquela pedra,
Lá está a capelinha,
Tão bonita tão pequenina,
Lá, encerrado está, Nosso Senhor da Pedra.
<>
Por trás, a pegada do boi,
Cuja lenda, há muitos séculos foi.
<>
João da mestra


Senhor da Pedra, festa do ano de 2005










Rusga ao Senhor da Pedra
- de 1935

Minha mãe foi porta-bandeira,
Há mais de setenta anos,
Num grupo de jovens raparigas, animados,
Que, ficou a ser, o Clube dos “Chalados”


1937(?)
Antigamente, ia meu pai montado em cavalo,
O cavalo é que ia a pé,
Todo repostado ia o cavaleiro,
A meter vista às moçoilas, prazenteiro.


1937 - 1940 (?)
Fui ao Senhor da Pedra, a pé,
Minha mãe também lá foi,
Também o meu pai já lá ia,
E com eles ia a família.

*
CANIDELO EM VILA NOVA DE GAIA

*
TRADIÇÃO NO DIA FESTIVO DO SENHOR DA PEDRA:

*
CAMINHADA AO SENHOR DA PEDRA

*
A MIRAMAR - ARCOZELO - GAIA
*
*
Rusga ao Senhor da Pedra de 1935
*
Olha ali, que menina bonita,
Tão elegante tão distinta;
É a formosa protegida, neta,
Da portentosa matriarca, - a Mestra.
É a beleza de porta-bandeira,
Suporta-a no alto, altiva.
<>
Vamos para o Senhor da Pedra,
Ver se a pegada do boi medra;
Foi milagre de antigamente.
Hoje vai milhares de gente,
De Canidelo, é tradição;
Desta aldeia todos vão.
<>
E lá vai a ti Conceição,
No grosso da expedição,
A tocar nos seus ferrinhos,
Por todos aqueles caminhos.
Mil Novecentos e trinta e cinco;
Vão dos oito aos oitenta e cinco.
<>
A seu lado segue o ti Zé,
Todo o caminho a pé,
Ao pescoço pendurado o tambor,
Maçaneta a bater-lhe com fulgor,
Saca d´almoço noutra mão,
Só vai comer arroz de feijão.
<>
Vai ancião excitado,
Com seu cavaquinho afinado,
Tilinta as cordas maravilhado,
Segue seu fado desgarrado,
Toca as modas de então;
Dança Esmeralda e Julião.
<>
Vai o Victor com sua viola,
Abre caminho por ali fora,
A tocar a cantar e orquestrar,
Por entre matas e pinheirais,
Ao ombro sacola a desfraldar,
Almoço, arroz e nada mais.
<>
Cruzam-se no caminho outras rusgas,
Também desta aldeia Canidelo,
Nenhumas com som tão belo,
Nem os malaquecos nem Os Primavera;
Tocatas tão harmoniosas, pudera,
Como a nossa rusga dos Chalados,
Não existe em nenhuns destes lados,
Terras de Rei Ramiro e seus reinados.
<>
É a rusga do “Grupo Os Chalados”,
Mais de trinta divertidos foliões,
Concertinas, harmónicas, acordeões,
Violas, banjos, Violinos,
Tambor, reco-reco e ferrinhos,
Mais o Alexandre a cantar;
O tenor improvisou com sua voz,
Foi a honra de todos nós.
<>
João da mestra
*
RUSGA AO SENHOR DA PEDRA
-
– CANIDELO 1937 (?)
/
Ficou gravado na memória,
Grande rusga com Glória,
Saiu para festa de rebenta,
Lá pelos anos quarenta.
/
O Mário, no Cavaquinho,
No Violão, o Victor manquinho,
Na Braguesa, o Francisco Ribeiro,
De Almeara partiram primeiro,
Com passagem p´lo Paniceiro.
/
Juntou-se o José Teixeira,
A tocar o seu Violão,
Ao passarem junto do Amor
E, todos juntos foram então,
P´ro Senhor da Pedra grande, ao Senhor,
P´ra junto daquela Ribeira.
/
Lá, no cimo do Penedo:
O Mário, o Victor, o Ribeiro e o Teixeira,
Acompanhados pelo fadista e tenor,
Alexandre Monteiro,
cuja voz causava dor,
Na Alma e no Coração,
De toda a gaiata solteira,
Cantaram ao Senhor da Pedra,
Que, hoje a tocata, Sagrada, era.
/
Rivalizavam os Ranchos e as Tunas,
As Marchas e as Rusgas,
Os Marchantes Cantadores,
Acompanhados com seus tambores,
Violinistas, guitarristas, tocadores;
Dos Grupos dos Chalados,
Dos Primavera e Malaquecos,
A tocarem as suas Rebecas.
/
João da mestra
/

Contributo para a história das Rusgas ao Senhor da Pedra, levadas a cabo por Canidelenses, desta feita, a organizada pelo meu pai, Alexandre Monteiro, entre 1936 a 1942.
João da mestra
*
Ao Senhor da Pedra Pequeno
Em Canidelo de Vila Nova de Gaia
/
A cantar e a dançar,
Instrumentos a tocar,
Violão e violino,
Mais o banjo e o cavaquinho.
/
Cantadores à desgarrada, à vez,
Tocadores, todos de uma vez,
Romeiros sem parar,
A caminhar e a dançar.
/
Segurando na mão os ferrinhos,
Tocava feliz o rapaz,
Percorria todos os caminhos,
A marcar ritmo, era um Ás.
/
A marcar ritmo ao caminheiro,
Durante todo o caminho, inteiro,
O bombo a tocar pausadamente,
Para a rusga daquela gente.
/
Três pancadas mais quatro,
Em ritmo cadenciado,
Em pele de animal esticado,
Era o bombo violentado.
/
Batido com maçaneta,
Com toda a força faz: BUM, BUM, BUM,
Depois de compasso marcado, responde,
BUM, BUM, BUM, BUM.
/
Três pancadas mais quatro,
A ritmo marcado a compasso,
Para cá, alguns já vinham de quatro,
Pelo vinho e pelo bagaço,
/
Era o regresso p´ro pequenino,
Depois da festa no grande,
Era eu ainda um menino,
E durou até ser grande.
/
Ó meu rico Senhor da Pedra,
No próximo ano eu repito,
Vou ver a pegada do boi,
De regresso, no pequeno fico.
/
Ó meu rico Senhor da Pedra,
Eu também lá hei-de ir,
Mesmo até ser velhinho,
Nem que colo tenha que pedir.
/
Ó meu rico Senhor da Pedra,
Meu Senhor da Pedra pequenino,
Tu eras o mais pobrezinho,
Quando eu era um menino.
/
Não tinhas pegada do boi,
Nem capela sobre penedo,
Nem tinhas prateadas areias,
Mas muito agora me premeias.
/
Com muito boa recordação,
Hoje és o GRANDE no meu coração;
Ó meu PEQUENO rico Senhor da Pedra,
ÉS O GRANDE, DE TODA A ERA.
/
Em Canidelo de raiz,
Me recordo de petiz,
Das histórias que me contavam,
Meus Avós, décimos netos da Raiz.
/
É do cruzamento, das Raízes daqueles Pinheiros,
Mais das Raízes de Canidelo;
Das Raízes do Povo de antanho,
Com as Raízes daquele lugar, CHOUSELAS,
Que saiu a força e a vitalidade de CANIDELO.
/
João da mestra
/
*
OUTROS CONTRIBUTOS:
/
/
/
/
MAJOSILVEIRO

quinta-feira, 27 de maio de 2010

MISSIVA DO REI SVENOVITCH À IMPERADORA DE OUTRO REINO

MISSIVA DO REI SVENOVITCH
À IMPERADORA DE OUTRO REINO

Fica Vossa Senhoria impedida,
E os mais do Vosso Império,
De me irem ver quando eu morrer,
Pois, eu é que nem vos quero ver!

>
Nem flor tende a ousadia de enviar,
Por qualquer paspalho vosso lacaio;
Darei ordens ao meu aio,
Proibir-vos manifestações de pesar.

>
Já que na Terra impera o cinismo,
O abandono ao Rei do vosso trono,
Porque sou o homem velho do Império,
Serem hipócritas, é depois um impropério.

>
Amor, gostava eu de sentir hoje,
E não desprezo pela vossa parte,
Que com todo o engenho e arte,
Vossa senhoria, ao vosso senhor inflige.

>
Agora, aquilo que é meu desejo;
Quero estar morto e descansado,
Não quero depois a meu lado,
Hipócrita de subordinado.

>
Nem, também, muito lamento,
Chorar de arrependimento,
Quando, agora, neste momento,
Me trata mal que nem a jumento;

>
Acusações de centenas de acções,
Que comete e que depois remete,
Ser Vosso Rei o ocasionador,
Não lhe abonando o seu valor.

>
Depois de morrer, não me interessa flor,
Nem o choro hipócrita de qualquer estupor.
E todos se deveriam pautar,
Para nesta vida saberem amar.

>
João da mestra






sábado, 1 de maio de 2010

Amor meu, não te vás, engalinha





Amor meu, não te vás, “engalinha”
Logo que me levanto, pela manhã,
Na frente da minha janela,
Vejo o amor meu, vejo-a a ela,
E, logo fico em consagração.
Aquela que me dá energia
E força para todo o dia,
É por ela que fico em devoção,
De amor e de paixão.
Ela, é a minha clorofila,
Ela, é o meu sustento,
E, o que eu mais lamento,
É quando deixar de existir:
Porque este mundo está a ir,
P´ra sarjeta, p´ro “galheiro”.
Todo, todo, o mundo inteiro.
Árvore amiga, querida minha,
Não te vás, fica, “engalinha”,
A tua vida é aqui, junto a mim,
Neste mundo, até ao fim.
majosilveiro